quinta-feira, 3 de junho de 2010

Capitalismo e Futebol

O futebol é um esporte que move paixões. Pois muitos gostam de assistir e vibrar com o jogo como maneira de reunir muita gente. O problema é que para ver uma partida de futebol acaba custando caro. Além disso, o torcedor sempre acaba financiando seu time de várias maneiras: comprando ações que nunca trazem dividendo algum, camisetas, cachecol, bonés, etc. Também com a torcida organizada que acompanha o time quando este joga fora de casa é gasta boa soma de dinheiro. De modo que hoje em dia as massas torcedoras se transformaram em uma fonte muito importante de financiamento dos clubes de futebol. Se as pessoas, depois de encerrar a jornada de trabalho diária, pusessem pensar no mundo e em seus males, entrariam em depressão. De modo que tentam afogar as mágoas que as façam esquecer os problemas, procurando alegrar a vida. O futebol é um desses meios. Assim, as pessoas ficam fora de si mesmas dominadas por uma paixão da qual participam as grandes massas, esquecidas dos problemas que lhes afligem o dia a dia. É um momento de emoção, vibração que mascara de certa maneira a realidade.
Todos os clubes de futebol se transformam em símbolos de identidade de seus abnegados e sacrificados torcedores. Mas, além disso, se transformam em símbolos de identidade de uma localidade, de uma cidade e de uma nação. Quando são realizados os campeonatos de futebol, cada time se transforma em representante de sua região. E é então quando as bandeiras dos clubes ondeiam nos estádios e quando as cores e uniformes vestem os torcedores. E mesmo que os jogadores tenham a honra de representar seu clube, não o fazem por amor a camisa, mas por amor ao prestígio e ao dinheiro. Quando se observa a quantidade de pessoas que se movimentam em torno do futebol, o tempo que dedicam a ele, a paixão e interesse que colocam por ele, ninguém pode deixar de pensar como se poderia mudar o mundo se esta enorme energia de massa fosse empregada para fins mais transcendentais: acabar com a pobreza, as guerras, as discriminações, etc. Mas há enormes energias de empregados, não para transformar o mundo, mas para se divertir e se alienar. No futebol se fundiram atualmente muitos interesses: os dos proprietários de clubes, das empresas esportivas, das empresas publicitárias, os meios de comunicação e dos próprios jogadores. É uma máquina de interesses que só se preocupa em tirar dos bolsos dos torcedores e amantes do futebol a maior quantidade de dinheiro possível. Esta aliança faz com que uns protejam e justifiquem os outros. É a vitória do dinheiro sobre a nação.
As empresas, graças às grandes estrelas do futebol, aumentam suas vendas e, em conseqüência, obtém mais lucros. E é desses lucros que as grandes estrelas de futebol recebem. Mas esses lucros não foram gerados pelos jogadores e sim pelos empregados dessas empresas. A mentalidade capitalista faz cair o maior esforço sobre quem produz em relação a quem vende, enquanto que as maiores retribuições caem mais sobre quem vende em relação a quem produz. De modo que quanto mais os clubes vendem, quando mais cresçam as necessidades dessas peças esportivas, mais ganharão os jogadores que fazem publicidade dessa marca.
Antes o futebol estava em mãos de sociedades esportivas e não era produzido como mercadoria. Mas tudo mudou: os clubes de futebol foram transformados em sociedades anônimas e o futebol começou a ser produzido como mercadoria. Foi uma grande vitória da propriedade privada e do capitalismo sobre a propriedade pública e o socialismo. Mas houve um tempo que os times de futebol eram socialistas. Seus jogadores eram nobres no campo, recebiam um salário normal e, uma vez que encerravam sua etapa esportiva, retornavam a seu trabalho. Eram estrelas e consequentemente muito admirados. Mas não enriqueciam nem viviam como reis às custas da exploração das necessidades e de ilusões das grandes massas.
É necessário limitar os âmbitos de existência e socializar o futebol. Esse esporte não pode ser mercadoria, e nem continuar a se transformar em um negócio. Que libere o homem da desumanização mercantil e monetária, criando espaços que proíba o preço abusivo dos ingressos e favoreça o torcedor como ser que aprecia o futebol como um todo, sem ser explorado e mercantilizado.

Autor: Diego Ulisses - PCB Base Araranguá.

terça-feira, 16 de março de 2010

Uma porta que só se abre por dentro

Parodiando Shakespeare: A mudança é uma porta que só se abre por dentro. Tal máxima também se aplica perfeitamente a qualquer mudança de paradigma social, incluso aí a transição de uma sociedade baseada no capital para outra pautada na igualdade entre seus indivíduos.
Qualquer revolução que não conte com o apoio popular está, mais cedo ou mais tarde, destinada ao fracasso. Por isso acredito que nossa luta é, primeiramente, uma luta de idéias, ou seja, partindo do interno ( uma consciência comunista) para o externo (uma sociedade comunista)
O capitalismo inverteu os valores naturais da vida, colocando o capital a frente do homem, o lucro a frente dos valores morais. Tal fato se comprova facilmente em qualquer indústria, onde o proletário é apenas uma peça de todo o processo, que pode ser substituída por outra caso não alcance o rendimento necessário, ou seja, o homem é apenas um meio para se chegar a um fim.
Neste sistema, onde os interesses individuais estão acima dos interesses coletivos, o homem é adversário do homem, sendo que a vitória de um implica na derrota de outro.
Esta luta selvagem e incessante pelo capital (também podendo ser chamada de barbárie da civilização) gerou uma espécie de neurose coletiva que é a causa de grande parte dos males psicológicos hodiernos, contribuindo muito para a falta de qualidade de vida do homem moderno.
Há também o lado ambiental da questão, sendo a destruição gradativa e irreversível do planeta uma das faces mais cruéis do sistema.
É claramente perceptível que o capitalismo é auto destrutível, sendo sua superação uma questão de sobrevivência social, um passo natural da evolução do ser humano em busca de uma humanidade, hoje tão distante e utópica.

Autor: Carlos Monteiro / PCB Araranguá

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Homem e seu ópio

Começo escrevendo esse texto sob a batuta da raiva que me acometeu após saber através de um portal de notícias que um grupo de religiosos está enviando ao Haiti bíblias em formato de audio, as quais são carregadas através de captadores de energia solar que estão embutidos dentro de seus aparelhos."Seria cômico se não fosse trágico"; Já me esqueci do autor dessa frase, mas acho que cabe bem nessa situação.Vamos fazer uma pequena pincelada sobre a atual situação do país: um terremoto de 7 graus na escala de Richter (que vai até 10, mas não existem registros de abalos dessa magnitude) destruiu o país mais pobre da América Latina. Os que não morreram nos abalos estão morrendo por falta de insumos básicos como água e comida, a rede elétrica está inativada desde os eventos e um grupo de religiosos(os quais deveriam se preocupar em garantir a vida do próximo) vão ajudar seus irmãos do modo mais inútil!Podemos levar em consideração que a bíblia é um ótimo livro de auto-ajuda, e isso é fato, mas se o corpo está fraco a alma padece junto. Pessoas não se alimentam de boas intenções. Palavras bonitas não curam doenças nem matam fome e sede.Como é que alguém pode acreditar que o Deus pregado pela bíblia é bom e ajuda os pobres se enquando o país mais mazelado da América Latina chora a perda de 75.000 cidadãos(mortes contabilizadas) o país mais rico do mundo sequer sofreu um vento acima da média?Como podemos nos prender e nos humilhar diante da idéia de um ser que se julga nosso "Pai" mas não defende seus filhos?Estamos acostumados com um pensamento que diz: "se deus quis assim é porque ele sabe o que é melhor para nós!". Perder 75.000 vidas é algo bom? Quais os motivos nos obrigam a ver uma tragédia dessa e sequer não nos darmos ao luxo de perguntar o porque disso?A bíblia não salva. Muito pelo contrário, ela nos ensina e sermos neutros no mundo. O pensamento religioso tira todo o nosso poder de reação e subjuga os que tentam pelo menos buscar esclarecimento sobre certos acontecimentos ditos "normais e planejados".O Haiti não precisa de bíblias. O estado não vai retomar a economia lendo salmos e rezando pais-nossos, muito pelo contrário, só o conhecimento ajudarão o país a se reeguer, assim como aconteceu com o Japão após a segunda grande guerra.Conhecimento traz liberdade.Liberdade traz crescimento.

Por: Diogo Cesar Bif

Solidariedade ou oportunidade de negócios?

O terremoto que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro já deixou 50000 mortos e pelo menos 3 milhões de pessoas estão desabrigadas, segundo estimativas da Cruz Vermelha. Em Porto Princípe, capital do país, prédios estão em ruínas e as pessoas tem dormido nas ruas, estão sem água potável, comida, remédios e muitas pessoas ainda estão debaixo dos escombros. A população do país que já era conhecido como o país "mais pobre do ocidente" está agora em uma situação ainda mais precária, o que ainda pode piorar.
A estadunidense Fundação Heritage, um dos principais defensores da exploração de desastres para empurrar impopulares políticas pró-corporações e neoliberais, publicou uma nota contendo o que deve ser feito pelos Estados Unidos diante do terremoto no Haiti. Na nota eles afirmam: "A resposta do governo dos EUA deve ser ousada e decisiva. É preciso mobilizar recursos civis e militares para resgate e socorro, a curto prazo, e recuperação e reformas a longo prazo" - certamente reformas que preveem mais liberdade para grandes empresas privadas, privatização de empresas públicas e recursos naturais, e outras medidas que acentuam as políticas que há décadas tem deixado o país miserável. A nota chama atenção como o "frágil ambiente político da região" deve ser levado em conta na "ajuda humanitária". E, por fim, pede que os militares norte-americanos vigiem a costa, impedindo um provável grande movimento de haitianos tentando entrar ilegalmente nos EUA pelo mar "em embarcações frágeis e perigosas".
Mas, como se não bastasse, o próprio Cônsul geral do Haiti no Brasil, Gerge Samuel Antoine, também quer tirar proveito da tragédia. Em entrevista num programa de televisão na quarta-feira, afirmou que o terremoto pode ser bom, pois torna o trabalho dele conhecido. Gerge Samuel Antoine, revelando seu racismo, ainda responsabilizou a religião dos/as haitianos/as pelo desastre: "Acho que de, tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo... O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano lá tá f..."; o mesmo que fez um tele-evangelista dos EUA, quando disse que escravos haitianos fizeram um pacto com o diabo para se libertar dos franceses no século XVIII e por isso são atingidos por tragédias. É esse racismo o responsável pela tragédia haitiana.
Todos os países agora se apressam em dizer que oferecem ajuda humanitária, com comida, água, remédios ou equipes de resgates - todos elementos fundamentais e muito necessários num momento de extrema precariedade no Haiti. Entretanto, com a ocupação militar das tropas da ONU, lideradas pelo Brasil, a comunidade internacional tem governado efetivamente o Haiti desde o golpe em 2004. Os mesmos países que agora fazem alarde com o envio de ajuda de emergência ao Haiti votaram consistentemente, durante os últimos 5 anos, contra qualquer extensão da missão da ONU para além de seus objetivos estritamente militares. Propostas para realocar parte destes "investimentos" em programas para a redução da pobreza ou o desenvolvimento agrário foram bloqueadas.
De qualquer forma, nestes primeiros dias, a principal ajuda da ONU e da "comunidade internacional" está em remover os escombros do Hotel Montana, hotel de alta classe, onde poderiam estar hospedados personalidades da ONU, militares e empresários estrangeiros. A ONU gasta meio bilhão de dólares por ano para manter a ocupação militar (MINUSTAH) no Haiti. O Haiti é hoje um país onde cerca de 75% da população vive com menos de 2 dólares por dia e 56% - quatro milhões e meio de pessoas - com menos de 1 dólar por dia. Décadas de "ajuste" neoliberal e intervenção neoimperial tiraram do país e de seu povo a capacidade de gerir sua própria economia. Condições desfavoráveis de comércio e financiamento internacional garantem a permanência, em um futuro previsível, dessa indigência e impotência como fatos estruturais da vida haitiana. E agora, um terremoto pode ser mais um motivo para políticas que aprofundem essa situação no Haiti. A possibilidade de reconstrução do país não está nessa "modernização" e liberalização econômica, mas em políticas que favoreçam a auto-determinação e o fim da exploração e opressão do povo haitiano, para que inicie a reconstrução do país com a solidariedade internacional. E então os países ricos começarem a pagar pela destruição que causaram por tantas décadas.



Por DESASTRE NO HAITI
15/01/2010 às 11:36

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Criação de um Mito

A nova face da alienação política do período petista.
Pela primeira vez na história do cinema, um presidente da república ainda em pleno mandato, tem dedicada sua biografia à sétima arte, com um grande apelo à trajetória de quem venceu a fome e as péssimas condições as quais os retirantes nordestinos são submetidos desde o êxodo do sertão até chegar às favelas na periferia de São Paulo.
O filme sobre a trajetória de Lula é uma superprodução para os padrões brasileiros, financiado com recursos de diversas empresas privadas, entre elas empreiteiras que estão diretamente envolvidas nas obras do PAC, tais como a Odebrecht e Camargo Corrêa e empresas prestadoras de serviços ou parceiras na exploração do Pré-sal, como o grupo EMX, do empresário Eike Batista.
Mas o que nos chama a atenção no filme não é a grande quantidade de empresas privadas que financiaram a obra e nem tão pouco a qualidade cinematográfica e o investimento no elenco.
O que nos chama a atenção são as mensagens que estão evidenciadas nessa obra e o quanto a era Lula dá indícios de que ainda irá perdurar por algum tempo no cenário político brasileiro.
Podemos avaliar o filme em pelo menos três aspectos, sendo que todos eles são partes de um todo que pode ser resumido na tentativa da reificação de um mito vivo no imaginário da população.
O 1º aspecto trata da superação e da conquista de outro patamar de vida, ao qual de certa forma, todos(as) os(as) trabalhadores(as) são envolvidos ao se verem retratar na pele de um menino pobre, de uma família numerosa e retirante, que sonha com uma perspectiva melhor ao virem para São Paulo e que são sujeitados a todo o tipo de prova: fome, miséria, enchentes destruindo tudo nas madrugadas, humilhações etc, etc.
Lula encarna a figura do herói épico que vence com afinco as determinações às quais a classe trabalhadora estaria subjugada.
Uma vez operário, ainda jovem, se horroriza com o vandalismo das greves dirigidas pelos comunistas, como o seu irmão mais velho, conhecido na época como “Frei Chico” e não vê sentido em tratar os patrões e o Governo, leia-se o capital, como os inimigos de classe dos trabalhadores(as).
Lula quer namorar, curtir o futebol, tomar cerveja e viver a vida, mesmo que sob o obscurantismo da Ditadura Militar e as perseguições e arrochos sob os quais o operariado vivia no Brasil naquele momento. Representa o trabalhador comum, mas sensível aos dilemas de seu tempo. Por sua vez, escolhe outra forma de se posicionar frente a esse contexto; critica a luta armada, o radicalismo ideológico da esquerda marxista, presente nos diálogos com o irmão.
Após a perda trágica da 1ª esposa, morta em trabalho de parto junto com o filho, Lula se deprime e envolve-se então de corpo e alma com o sindicato dos metalúrgicos do ABC, à época dirigido por um sindicalista oportunista e que possuía relações espúrias com o Governo e o empresariado. Eis o 2º aspecto da peça, o operário comum que desde cedo não se condicionou pelo enfrentamento ideológico, mas que buscou encontrar outras formas de convivência com o capital, aceita o estabelecimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e passa a propagandear as vantagens em se aceitar a transição, ao contrário dos comunistas que denunciavam o ataque ao direito da estabilidade por tempo de serviço. É o sindicalista que aos poucos vai retirando o sindicato do isolamento e vai condicionando aos trabalhadores do ABC uma voz ativa frente aos arrochos promovidos pela política econômica.
No filme, em seu discurso de posse em 1975, Lula reafirma que o papel fundamental do sindicato seria “buscar o entendimento” e de que “ não são os patrões os nossos inimigos”. Está plantada aí a semente ideológica de um modelo sindical que se alastrou e firmou raízes em diversos segmentos da classe trabalhadora em todo o Brasil e que alguns anos mais tarde estaria bem representada na organização político e sindical conhecida como Articulação, a principal corrente do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores ( CUT).
Nesse momento o aspecto ideológico fica muito evidente. O novo sindicalismo forjado nas lutas do ABC no final dos anos 70 e início dos 80 é um sindicalismo que superou tanto o “velho” modelo comunista, baseado na luta de classes, como também o peleguismo, típico do período intervencionista na estrutura sindical, constituindo através das greves e da mobilização de base o despertar do sonho de uma classe por um futuro mais digno e a superação das amarras da Ditadura.
É o herói coletivo, aquele que encarna todo o sentimento de esperança e rebeldia de um momento histórico, de transição, mas ao mesmo tempo de estabelecimento de um novo modelo de relação entre o capital e o trabalho no coração da indústria brasileira.
O 3º e último ato da peça encerra todo o sentido da obra. Lula supera as adversidades, “conquista” junto com seus companheiros de sindicato um novo patamar não apenas para os metalúrgicos do ABC mas também para o conjunto da população brasileira ao se tornar o 1º operário eleito presidente da república.
Um líder sindical que através da persistência e da fidelidade com suas origens, imbuído de suas convicções, entre elas a de que os “patrões não são os nossos inimigos” consegue chegar ao mais alto posto do poder político no Brasil.
Enfim o filme: “Lula, O Filho do Brasil” é um fantástico documentário de propaganda política e ideológica da perspectiva social democrata, não para a época retratada no filme; mas para a nossa atualidade.
Muitos críticos vêem no filme mais um elemento de campanha eleitoral para a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o que não deixa de ser verdade. Mas essa obra também serve como elemento de propagação de uma idéia, de uma mensagem aos trabalhadores em época de crise econômica mundial e acentuada contradições no mundo do trabalho, de que assim como nos anos 70, mesmo com greves e ocupações, o diálogo e a parceria devem estar sempre à frente da
condução política das lideranças de classe, sejam eles patrões ou empregados.
O modelo instaurado no ABC e ampliado pela CUT durante os anos 90 com a defesa do chamado sindicalismo de resultados perpassa hoje por uma séria onda de críticas, pois o apogeu desse modelo de sindicalismo conciliatório e institucionalizado encontrou justamente no Governo do presidente “operário” seu clímax e ao mesmo tempo seu limite histórico, pois aumenta significativamente a onda de desfiliações das entidades de base ao não identificarem mais nesse modelo sindical uma real alternativa de luta frente aos efeitos da crise.
Mesmo assim a associação do homem retirante com o líder sindical e com o presidente eleito que após ser derrotado por três vezes, não desistiu, vencendo as eleições de 2002 é justamente a síntese desejada tanto pelos que defendem o atual governo em ano eleitoral, como os que defendem o legado histórico da CUT e seus sindicatos orgânicos, como os que defendem a manutenção desse modelo de governo socialiberal, calcado na mais profunda aliança de classe já operada entre a burguesia e a nova burocracia sindical e política.
Há ainda outro elemento que não pode ser desconsiderado e nada mais justo que parafrasear o próprio presidente Lula: “nunca antes na história desse país”, um presidente que não tem condições legais de ser candidato ao próximo pleito já antecipou sua campanha para 2014 com tanta pompa e inteligência.
O filme sem sombra de dúvida estará presente no imaginário da população brasileira ao longo desses próximos anos tornando-se mais um acessório de propaganda ideológica, utilizada pelo PT em torno da figura de Lula sempre que se fizer necessário, pois como bem está sintetizado em seu título, LULA seria o filho natural de toda uma nação chamada Brasil.
Nem Getúlio Vargas inspirado em Joseph Goebbels, quando criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) inaugurando na história da república o uso do marketing político para a auto promoção, chegaria a tanto!

Por Fábio Bezerra.
(Professor de História e Filosofia e membro do CC do PCB)